Nossa Senhora Rainha
POR: Mayara Louzada
“O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso, o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus.”
(Lc 1,35)
Celebramos no dia 22 de agosto a memória litúrgica de Nossa Senhora Rainha, um dos muitos títulos que recebe a mãe de Jesus, que nos protege de todo mal e nos convida a anunciar o Evangelho, assim como ela fez.
O mês de maio é o mês Mariano, onde celebramos Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora Auxiliadora, a visitação de Nossa Senhora a sua prima Isabel, e comumente temos a coroação da imagem da Virgem, como nossa Mãe e Rainha. Por isso, antigamente a memória litúrgica de Nossa Senhora Rainha era celebrada no último dia do mês, mas, por já termos tantas outras festas marianas, decidiu-se transferir esta celebração para oito dias após a festa da Assunção de Nossa Senhora. Além disso, agosto também é o mês dedicado às vocações sacerdotais, religiosas, familiar e catequista, e o sim dado por cada um desses vocacionados é espelho do sim de Maria.
“… esta realeza da Mãe de Deus se faz concreta no amor e no serviço a seus filhos, em seu constante velar pelas pessoas e suas necessidades.”
(Bento XVI)
A realeza de Maria
Nossa Senhora é rainha porque excede as criaturas em santidade – ela “encerra toda a bondade”; porém, não é uma rainha autoritária, mas uma soberana que ensina e educa seus filhos. E como tudo o que fala de Jesus traz consigo a marca da divindade, a mulher que o gerou e cuidou também a carrega. Assim, a Igreja chama todo o seu povo a invoca-la como Mãe e Rainha.
“…na Virgem Maria tudo é referido a Cristo e tudo depende Dele: em vistas a Ele, Deus Pai a escolheu desde toda a eternidade como Mãe toda Santa e a adornou com dons do Espírito Santo que não foram concedidos a nenhum outro”.
(Servo de Deus Paulo VI)
A festa
A festa litúrgica de Nossa Senhora Rainha é também conhecida como a festa do Reinado de Maria. Desde o início da Igreja, os fiéis veneravam Nossa Senhora como Rainha do céu e da terra, como dizemos na oração da Salva Rainha, e não haveria título mais justo que este para a mãe do filho de Deus, e para quem foram conferidos todos os privilégios da graça divina. Se Jesus, seu filho, é o Rei do Universo, Maria não poderia ser outra se não a Rainha. Assim como celebramos Cristo Rei em novembro, no final do Tempo Comum, em agosto, celebramos Nossa Senhora Rainha, a mãe de Deus, a escolhida e, por isso, a Rainha. Não por estar acima do Pai, mas exatamente por ter se colocado como serva absoluta do Senhor.
No século XX começaram movimentos para a proclamação de Nossa Senhora como Rainha do Universo, e um grande precursor desses movimentos foi o Papa Pio XI que, em 1925, proclama a Festa de Cristo Rei.
Em meados dos anos de 1930, Maria Desideri deu início a um movimento em Roma chamado “Pro refalitate Mariae”, que visava reunir petições ao redor do mundo para instituir oficialmente a celebração. Percebendo este movimento, Pio XII institui a festa litúrgica de Nossa Senhora Rainha. Em 1954, Pio XII dá um discurso muito importante em honra a Maria Rainha e faz uma emocionante oração e a coroação da Venerada imagem de Maria “Salus Populi Romani” (Salvação do povo romano), na basílica de Santa Maria Maior, em Roma. Pio XII relembrava o auxílio recebido durante a Segunda Guerra Mundial quando, sendo evocada, Maria evitou que Roma virasse alvo de uma batalha final entre os alemães e os aliados. Pio XII inaugura, então, uma tradição entre os papas que dura até hoje, de homenagear Nossa Senhora, no dia 08 de dezembro.
No dia 11 de outubro de 1954, o Papa Pio XII, em sua carta encíclica “Ad Caeli Reginam”, institui a festa de Santa Maria Rainha a ser celebrada em 31 de maio de cada ano, e coloca Nossa Senhora como mãe da Cabeça e dos membros do Corpo místico, augusta soberana e rainha da Igreja, participante não só da dignidade real de Jesus, como também do fluxo vital e santificador sobre os membros do Corpo místico.
Se olharmos com olhos puramente humanos é difícil ver Maria, a jovem mulher serva máxima de Deus, humilde e quieta, como dominadora, como vemos nos Atos dos Apóstolos; Lucas põe Maria entre os onze discípulos após a Ascensão, silenciosa enquanto é Pedro quem dá as ordens. Porém, é ela que naquele mesmo momento reforça o vínculo que une Cristo Ressuscitado àqueles que ainda não tinham recebido os dons do Espírito Santo, pois ela, como mãe de Jesus, é a ligação direta entre eles. Todos os cristãos deveriam enxergar e venerar a bondade presente em Maria, que transborda a generosidade do amor divino e é distribuído em sua maternidade universal, guardando e acolhendo os filhos de sua co-redenção, pois foi determinado pelo Pai que toda graça fosse dada a eles através de suas mãos.
Assim, a Igreja nos chama a reverenciá-la não só como mãe, mas como Nossa Rainha, como é reverenciada nos céus pelos anjos, patriarcas, profetas, apóstolos, mártires, confessores e virgens.
“Maria é a rainha do Céu e da terra, por graça, como Cristo é Rei por natureza e por conquista.”
(São Luis Maria Grignon de Monfort)
FONTES:
TEMPESTA, Cardeal Orani João. Nossa Senhora Rainha. CNBB, 2023.
PAULO, Melody de e VITTO, Rafael. Nossa Senhora Rainha, mediadora da paz. Canção Nova.
Nossa Senhora Rainha da Paz. Arquidiocese de São Paulo.
História de Nossa Senhora Rainha. Cruz Terra Santa.