Solenidade da Assunção de Nossa Senhora
POR: Mayara Louzada
“Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio. Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas.”
(Lc 1,39-46)
Em 1º de novembro de 1950, através da Constituição Apostólica Munificentissimus, Pio XII anuncia que a Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria passa a ser, a partir daquele momento, um dogma – uma verdade inegável da fé católica.
“Pelo que, depois de termos dirigido a Deus repetidas súplicas, e de termos invocado a paz do Espírito de verdade, para glória de Deus onipotente que à virgem Maria concedeu a sua especial benevolência, para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e triunfador do pecado e da morte, para aumento da glória da sua augusta mãe, e para gozo e júbilo de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos s. Pedro e s. Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”. (Pio XII, Munificentissimus Deus, 1º de novembro de 1950)
A jovem Maria recebe a visita do anjo e, a partir dali, tem a confirmação da presença de Deus em seu caminho; sua vocação fica clara. E assim, também nós podemos e devemos nos inspirar no seu exemplo. Uma moça, prometida em casamento, recebe uma notícia que a colocaria em uma situação extremamente difícil, e mesmo assim não recua nem hesita, mas aceita e se entrega de corpo e alma aos desígnios de Deus. Precisamos estar com ouvidos, olhos e coração atentos para ouvir os chamados divinos! Assim como Maria soube responder prontamente ao Senhor, nós também precisamos estar prontos para dar a Ele o nosso sim.
A maternidade de Maria começa na anunciação e passa intacta pela cruz, até nós. Maria é elevada ao Céu como mãe não só do Deus encarnado, mas também de cada um de seus filhos e como mãe, ela nos envolve com o seu amor e nos ajuda na caminhada até o Paraíso. Por isso Maria recebe diversos títulos: advogada, auxiliadora, socorro, medianeira, e tantos outros. Ela se torna a intercessora entre os homens e o Pai, nenhum de nós passa despercebido dos seus olhos. Sabendo que o Senhor é Deus, e se colocando em estado de total escravidão à Sua vontade, Maria se torna um caminho e um ideal para que também nós consigamos alcançar o céu.
“Disse então Maria: Eu sou a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra.”
(Lc 1,38)
Os dogmas marianos
Os dogmas são parte essencial da doutrina católica e exigem que todos os seus fiéis acreditem neles. Segundo São João Paulo II, o mistério da Assunção mostra a fé da Igreja, apresentando um vínculo indissolúvel entre Nossa Senhora e Jesus Cristo. O dogma da Assunção de Nossa Senhora declara que a Virgem foi elevada aos céus em corpo e alma, isto é, quando terminou o seu tempo na vida terrena, foi levada ao encontro de Deus sem passar pela morte como nós um dia passaremos. Assim, ela é a primeira, depois de Cristo, a experienciar plenamente a ressurreição.
Um fundamento teológico para a Assunção de Nossa Senhora é o Dogma da Imaculada Conceição de Maria: Para que Nossa Senhora pudesse carregar o próprio Verbo Encarnado, seu corpo e a sua alma deveriam ser puros e livres de qualquer mancha do pecado, não haveria como Jesus vir ao mundo através de um corpo maculado. Por isso Maria é, desde a sua concepção, preservada do pecado e mantida pura, de modo a criar o caminho perfeito para Cristo e, dessa maneira, não tendo parte com o erro, estava isenta de sua consequência humana. Tudo isto mostra que Maria não foi escolhida arbitrariamente, mas fez parte do plano de Deus tanto para a vida da mulher, como para a vida de todos nós.
“A Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre foi assunta em corpo e alma à glória celestial”.
(Papa Pio XII)
A Assunção de Nossa Senhora não aparece claramente na Bíblia, mas podemos vê-la na figura da Mulher do Apocalipse. No capítulo 12 deste livro, é mostrada uma mulher vestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas sobre sua cabeça; esta mulher está grávida e dá à luz a um filho que está predestinado a governar todas as nações. Esta mulher é então identificada como a mãe do Messias e, assim, associada a Maria, mãe de Cristo; com o sol simbolizando a glória celestial e a sua elevação de corpo e alma aos céus, a luz sob seus pés como uma sugestão do seu domínio sobre o mal, e a coroa de doze estrelas representando as doze tribos de Israel ou os doze apóstolos, mostrando a importância desta mulher para a história da salvação. Assim, mesmo que não apareça explicitamente nas passagens do Evangelho, a Mulher do Apocalipse mostra uma ligação clara e íntima entre Nossa Senhora e a glória celestial, solidificando a devoção católica a ela e aos seus dogmas.
Este é o mistério da “Assunção ao céu”, motivo de alegria e esperança para todos nós! Maria já está nos céus e, com confiança, nós também estaremos um dia. Ela, que já está unida ao corpo transfigurado e glorioso de seu filho, aguarda o dia que nós, também purificados de corpo e alma, estaremos unidos a eles no amor e na fé. Nós fomos feitos para a salvação! Maria nos precede por graça espiritual na realização do Paraíso.
A solenidade da Assunção de Nossa Senhora nos recorda a necessidade de manter a esperança e a coragem para enfrentar as dificuldades do dia a dia, crendo sempre nos desígnios que Deus tem para cada um de nós, e assim alcançaremos nosso objetivo maior: a vida eterna em comunhão íntima com o Pai. A servidão à Deus não é um fardo pesado, mas o alívio nos momentos de desespero, e a verdadeira alegria do cristão. Sigamos o exemplo de Nossa Senhora, vivendo sempre mais e melhor sob a luz do Evangelho, para que um dia também nós possamos nos encontrar com ela na Glória Eterna.
A minha alma glorifica ao Senhor
e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.
Porque pôs os olhos na humildade da sua serva:
de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações.
(Magnificat)
FONTES:
CORRÊA, Dom Alberto Taveira. Solenidade da Assunção de Maria. Canção Nova.
Hoje é celebrada a Solenidade da Assunção da Santíssima Virgem Maria. Santuário Diocesano Nossa Senhora da Saúde Ibiraçu – ES, 2020.
Homilia – Solenidade da Assunção de Nossa Senhora. “A Virgem Maria recebeu por antecipação o que Deus reservou a todos os que vivem o exemplo Dela! Paróquia Santa Luzia e Santo Expedito, 2021.
Assunção de Nossa Senhora: a festa e o dogma. Minha Biblioteca Católica, 2024.
Assunção de Nossa Senhora. Vatican News.